Um comboio, um destino

Cinco horas. Cinco horas é o que preciso para poder analisar o mundo à minha volta. Sempre de lá para cá, de cá para lá. Cada um concentrado na sua própria vida, na sua própria existência. Já não há quem simplesmente olhe ao seu redor, geralmente os telemóveis são mais interessantes. Apercebo-me o quão sou diferente dos demais. Tendo a olhar até para as almas. Cada um com o seu estilo, o seu feitio, a sua maneira de reagir a estranhos e a sua história. Apercebo-me de que uns viajam por prazer, outros por obrigação e outros por indiferença. Qualquer que seja a razão, todos nos encontramos naquele comboio, sempre com um destino diferente. A felicidade de alguns, a mágoa de outros. Há quem deixe mais que uma casa para trás. Há toda uma complexidade quando se viaja, desde a carruajem em que se entra até ao lugar que escolhemos para nos sentar. Chega a ser desconcertante o facto de haver tanta gente em certas paragens, enquanto que noutras não há nem um raio de sol. Mas suponho que isso faça parte da vida. Quando há lugares vazios, simplesmente significa que alguém procurou por algo melhor. Assim deixa de haver indiferença. Qualquer que seja o motivo para estar naquele comboio, há sempre um ponto em comum entre os passageiros: todos têm um destino.

Ana Graça 61501
publicado por - fcar - às 17:22 | comentar | favorito