TIC e Sociedade
Há cerca de dois mil anos, marcou-se um passo decisivo na história da humanidade ao disponibilizar um suporte prático e eficaz para o armazenamento e comunicação de informação, o papel. No entanto, apesar do aparecimento e vulgarização das tecnologias de informação e comunicação, que parecia ser um passo para a substituição do papel, a sua hegemonia prevalece.
É compreensível o entusiasmo sentido pela sociedade perante esta inovação, as TIC proporcionavam um suporte alternativo ao papel, muito mis eficaz e poderoso. No entanto, quanto mais estes meios evoluem, mais papel se parece utilizar. A comum perda de informação aprisionada em ficheiros precários que já nenhum sistema consegue ler, destruiu o seu caracter de fiabilidade, pelo que, para muitos o papel é, e continuará a ser, uma forma segura de armazenar a informação.
As TIC estão cada vez mais integradas no nosso quotidiano, tornando-se, progressivamente, ferramentas indispensáveis. No entanto, segundo a visão de Mark Weiser, as tecnologias, concebidas para serem “assistentes invisíveis”, extensões do ser humano, transformam-se em instrumentos intrusivos, com grandes implicações para a sociedade. Consequentemente, junta-se uma nova fobia na lista... a fobia de estar se o seu smartphone. As pessoas vivem na ânsia de acompanhar tudo e todos num mundo a transbordar de informação e interações. “Onde estás?”, é a pergunta que está a cair em desuso, não através da partilha contaste da sua localização nas redes sociais, mas sim pelo desenvolvimento de aplicações de localização que localizam qualquer pessoa sem o seu consentimento.
As TIC continuam a revolucionar o nosso mundo, muito para além do que julgaríamos ser possível. Os avanços têm sido extraordinários, oferecendo várias facilidades e benefícios, como no caso da localização das pessoas, que, num caso de emergência, pode se tornar útil e importante. No entanto, a grande questão é delimitar limites, quando é que o possível se torna indesejável e quando é que o indesejável se torna inaceitável. Caso não o façamos, acabaremos por, paradoxalmente, nos perder.
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