TIC e Sociedade
Há dois mil anos atrás, quando o papel pareceu e começou a ser usado na sociedade, este revolucionou a nossa forma de comunicar, informar e armazenar informação. Milénios passaram desde este marco, mas o papel continua a deter a hegemonia nestes campos e nem mesmo a entrada na era digital mudou esse facto.
Numa primeira fase das TIC, estas pareciam vir aliviar a chamada “papelada”, muito ligada a burocracia que, sejamos honestos, tão bem caracteriza o nosso mundo e, especificamente, o nosso país. O mundo digital aparentava ser um porta para a descomplicação da burocracia, mas este desejo não passou de um mito.
Décadas passaram desde a forte adesão, cada vez mais sofisticada, às TIC, mas estas apenas preveniram o aumento da papelada e não a sua “extinção”. No entanto, as TIC não parecem ser uma soluço viável para a nossa condição burocrática, sendo que estas podem gerar, potencialmente, um “buraco negro” de informação se algo falha, não sendo tão confiável como o milenar papel.
Como será este aspeto na sociedade futura? Será aparente ao que a nossa sociedade contemporânea vive? Não sei ao certo, mas com as evoluções tecnológicas e à velocidade que estas acontecem hoje em dia, talvez mais perto do que pensamos, este problema deixe de o ser.
Desde que as TIC apareceram na nossa vida, gradualmente, quase sem reparamos, estas tomaram conta de quase todos os aspetos da nossa vida, das ações mais básicas às mais complexas. Mark Weiser idealizava as tecnologias como um “assistente silencioso” de cada um, mas na prática estas já são parte intrínseca de cada individuo, ema extensão da sua personalidade, opiniões, direitos e deveres, tornando-se cada vez mais evidentes, dependentes e intrusivas. Toda essa exposição e informação que advém da internet cria uma vulnerabilidade crescente a certas situações que podem, eventualmente, ameaçar a nossa segurança.
Um exemplo perfeito do acima referido é a capacidade localização de quem as utiliza: conseguirmos localizar certos bens, sítios, pessoas é uma revolução tecnológica incrível, mas paradoxal, pois o seu potencial intrusivo e violador de privacidade e até mesmo de segurança é algo perigoso, medonho até.
As novas tecnologias são um “pau de dois bicos”: elas são uma ferramenta de conexão, informação, entretenimento e expressão bastante útil, mas o seu poder é imenso e, se não forem usadas para o bem, estas são autênticas armas contra a sociedade.
Mariana Rocha
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