Reflexão sobre a desigualdade de géneros na sociedade

Reflexão sobre a desigualdade de géneros na sociedade:

Não sou de todo uma pessoa que se vincule a correntes, ou que queira estar sempre na moda seguindo os assuntos mais trendings do momento.



Este ano que passou, foi marcado pela pandemia covid-19, mas também por uma onda gigante de indignação ligada ao racismo e ao feminismo.



E é sobre este último que gostava de dar a minha opinião.



Sou feminista, mas não me identifico com todas as correntes que daí advenham, até porque o objetivo é lutar pela igualdade e não pela superioridade.



Há algum tempo que leio sobre o feminismo e o papel das mulheres na sociedade e sem dúvida que é um assunto que me fascina, sendo eu mulher e tendo eu presenciado situações desigualitárias, acho que é um tema deveras interessante e que acima de tudo precisa de ser falado e esmiuçado de forma a que futuramente possamos vir a ter um mundo onde as mulheres não tenham que pedir para falar, onde as mulheres tenham opinião e acima de tudo onde as mulheres sejam livres.



Ao longo dos anos, através da história é possível verificar que a mulher sempre foi o elo mais fraco, um elemento menosprezado na sociedade.



Um exemplo disso é que até 2007 em Portugal, a mulher não tinha qualquer tipo de direito em decidir livremente sobre a possibilidade de querer vir a ser mãe ou não. Sim é verdade, até há 14 anos no nosso país não era permitido às mulheres terem esse direito de liberdade de escolha individual, de decidir o que queriam ou não fazer com o próprio corpo.



São diversas as culturas no mundo, onde a mulher não passa de um acessório do homem, culturas essas onde a opinião da mulher é expressa única e exclusivamente através do seu marido.



Há culturas onde a mulher não vota, não pode vestir o que quer, não tem direito a expressar-se, tem obrigatoriamente de se sujeitar a uma figura do sexo masculino, não pode andar na rua sozinha, não tem direito a falar e apenas serve como dona de casa e cuidadora dos filhos.



Curiosamente até há muito pouco tempo no Irão a vida de uma mulher valia muito menos que a de um homem, se houvesse um acidente de carro onde o lesado fosse do sexo masculino era possível pedir uma boa indemnização, se o lesado pertencesse ao sexo feminino descia imenso o valor da indemnização.



Onde está a igualdade? E a liberdade?



Acho que esses termos não passam na verdade de uma utopia que nos tentam vender, porque para essas mulheres isso não existe, pois, todas as escolhas que queiram fazer irão ser condicionadas por algo ou alguém, não existindo nenhum tipo de liberdade individual.



Em Portugal na política é notória a desigualdade de géneros, sendo que houve a necessidade de formar uma lei de paridade (2006), lei esta, que obriga a todos os partidos a terem representação mínima de 40 % de cada

um dos sexos nas listas para a assembleia e parlamento europeu. O que acabou por vir a provocar uma grande pressão nos partidos políticos para "arranjarem" mulheres, isto elucida-nos para o facto de haver mais mulheres na política, devido a ser uma obrigação legal.



Recolhi outros dados, onde consta que de 1985 a 2015 existiram 195 ministros, dos quais somente 30 eram mulheres e dos 454 secretários de estado que Portugal teve, apenas 102 eram do género feminino.



Apesar de o mundo estar em contaste mudança e evolução, não progrediu o suficiente para deixarmos de ter estas discrepâncias abismais.



As mudanças mais difíceis de se verificar e as mais longas são definitivamente as mudanças culturais e de mentalidade, por isso enquanto não houver essa mudança de paradigma, enquanto não houver uma educação orientada para a igualdade de géneros e enquanto não tivermos a real noção que todos somos iguais, independentemente do sexo, cor da pele, nacionalidade, estatuto social, orientação sexual, religião e entre outros, não iremos atingir o propósito da vida que é viver harmoniosamente em sociedade.



Apesar de tudo sem dúvidas que são notáveis algumas melhorias neste padrão, sendo que atualmente a mulher é mais valorizada e já é visível um desenvolvimento positivo no que toca aos salários e à progressão de carreira e esperemos que a tendência seja de evoluir.




Francisca Bettencourt (58250)



publicado por - fcar - às 13:18 | comentar | favorito