Redes Antissociais
As redes sociais, tal como o nome assim o indica, surgem com o propósito de aproximar pessoas. Construindo ou reencontrando amizades, conversando com alguém em qualquer local ou partilhando conteúdos, as redes sociais constituíram um reforço à vida social da maioria da população, se o seu uso for adequado. Contudo, verifica-se nos adolescentes atuais uma posição diferente relativamente à utilização dessas plataformas. Ao terem crescido paralelamente à evolução das redes sociais, encontram-se bastante familiarizados com estas e procuram transcender o seu intuito inicial. Por um lado, alguns jovens utilizam as redes sociais como ferramentas para a construção da sua vida como uma “marca”, cuja própria imagem serve para vender produtos. Promovem uma imagem manipulada de si mesmos e da sua vida, remunerada pelo alcance que as suas publicações atingem. A partir de um elevado número de seguidores, likes e partilhas, esses jovens constituem-se como matéria de publicidade para algumas empresas. Através do simples product placement numa fotografia publicada por um jovem que é “famoso nas redes sociais” estão a atingir uma vasta camada de potenciais clientes que, por se identificarem com essa pessoa e a seguirem por isso, encontram-se mais predispostos a comprar ao seguir o exemplo. Por outro lado, existem os jovens que se deixam influenciar pelas redes sociais e adotam as figuras anteriormente mencionadas como ídolos. Deixam-se consumir pela ideia de perfeição transmitida pelas publicações dos seus ídolos e apenas procuram replicar o que seguem nas redes sociais. A baixa autoestima, a falta de confiança e a dependência da internet são agravantes neste tipo de situação, levando jovens a não ambicionarem nada mais do que se tornarem na pessoa que seguem. Em suma, esta apropriação das redes sociais como uma vida paralela pode afetar ambos os casos. Exemplo disso é Essena O’neill, uma modelo de Instagram que aparentava ter a vida perfeita, decidiu em 2015 apagar a maioria das fotografias da sua conta de Instagram, cujo numero de seguidores era exorbitante, e mudou o nome dessa conta para "Social Media Is Not Real Life". Alterou também as descrições das poucas fotografias que restavam, explicando o contexto em que foram tiradas, o propósito de vender produtos que usava e o facto de nunca se ter sentido feliz naquelas situações, embora fosse isso o que transmitia. Essena gravou também um vídeo, que se tornou viral, comprometendo-se a eliminar todas as suas redes sociais. Posto isto, não digo que deveremos todos eliminar as nossas contas porque tanto podemos estar sujeitos a manipulação ou até mesmo a manipular alguém. Contudo, devemos acautelarmo-nos dos riscos a que estamos sujeitos e consciencializarmo-nos de que existe vida para além das redes sociais e essa nem sempre deve ser partilhada.
Patrícia Ponte a54752
Patrícia Ponte a54752