Poesia Tradicional e Rap

Nos dias que correm, vulgarizamos o que passa na rádio. Entra por um ouvido e sai por outro. Banalizamos a arte como se fosse um recurso sem fim. Contudo, pomos a escrita num pedestal como algo raro e precioso. Ignorando o facto de que o que é posto em papel, com poucas modificações, rapidamente se pode tornar numa música e esquecendo que o contrário também é possível.



A verdade é que não podemos falar de música sem falar da poesia, uma vez que ambas se acompanham há vários séculos.



Datar a origem da poesia torna-se problemático, uma vez que não existe um “início” para esta arte. Numa fase embrionária, a poesia é anterior à escrita, pelo que ultrapassa os registos que os historiadores possam obter. Reconhecemos as epopeias da antiguidade como sendo as mais vetustas provas vivas da definição moderna que temos de poesia, torna-se então importante mencionar a Epopeia de Gilgamesh, a Eneida e a Ilíada.



A poesia em si é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem é utilizada com fins estéticos ou críticos. De uma forma mais “poética”, a poesia é a arte das palavras, e as palavras, quando tocadas pelos poetas, tornam-se chaves mágicas que abrem portas de universos que estão para além do real. Na sua essência, a poesia é uma forma de expressão que permite ao autor revelar a sua opinião, muitas vezes pelo meio de exemplos metafóricos e alegóricos.



Este objetivo geral da poesia é também verificado na música, e mais especificamente no rap.



Á semelhança da poesia, não existe um real consenso na data de criação para a música rap, contudo é inegável que o rap começou como um género musical quando os principais DJ’s da época usaram elementos percussivos de disco, soul e funk como um meio de criar uma batida repetitiva. O rap nos Estados Unidos da América alastrou-se a todos os bairros pobres das principais capitais dos estados, principalmente na cidade de Nova Iorque, onde os jovens ‘cantavam’ e se expressavam sobre a situação real que era vivida nos mesmos.



O termo “rap” surgiu na Grã-Bretanha e inicialmente tinha como definição o ato de bater, com o passar do tempo o seu significado passou a ser algo aproximado a falar. Este termo começou a ganhar notoriedade durante os anos 60 na comunidade afro americana e era a palavra de preferência em algumas comunidades para especificar alguém que estivesse a ter uma conversa. Já nos dias de hoje, a palavra RAP está mais associada à sigla Rythm and Poetry, uma vez que ganhou uma dimensão musical através da ideia de que os “rappers” estariam a ter uma conversa com ritmo e rima associada a uma melodia.



Tanto para os poetas como para os rappers, existe sempre presente um desejo de passar uma mensagem. O conteúdo pode até ser diferente, mas a necessidade de despertar emoções é a mesma. Ambos desejam expressar a sua forma de ver o mundo e a sociedade e deixar explícito o seu ponto de vista. Em ambos os estilos de arte, a rima e a sonorização são meios utilizados para a transmissão da mensagem; de uma forma mais agradável para o recetor, no caso do rap, e mais artística, no caso da poesia.

Daniel Jacinto (a68263)

publicado por - fcar - às 17:25 | comentar | favorito