O poder do controlo da mente
A Análise Crítica do Discurso (ACD) é um tipo de investigação que estuda o modo como o abuso do poder social, a dominância, e a desigualdade são postos em prática, pelo texto e pela fala, no contexto social e político. Nesta lógica, as relações de poder são discursivas, e os grupos sociais detêm mais ou menos poder se forem capazes de controlar (mais ou menos) os atos e as mentes dos membros de outros grupos – pelo acesso privilegiado a recursos sociais, tais como força, dinheiro, estatuto, fama, conhecimento, informação, cultura, e várias formas de discurso público ou comunicacional.
Daí, e se a ação é controlada pelas nossas mentes, ao sermos capazes de influenciar as mentes das pessoas (o seu conhecimento ou opiniões), controlamos indiretamente algumas das suas ações, como demonstram as teorias da persuasão, manipulação, ou retórica. Significa isto que os grupos que controlam muito do discurso influente têm também mais hipóteses de controlar as mentes e ações dos outros. Ainda assim, os grupos podem controlar mais ou menos outros grupos, ou apenas controlá-los em situações ou em domínios sociais específicos. Para além disso, os grupos dominados podem resistir mais ou menos: aceitar, consentir, legitimar o poder, e mesmo considerá-lo natural. Com efeito, o poder dos grupos dominantes pode ser integrado em leis, regras, normas, hábitos ou consenso geral, ganhando, portanto, uma forma designada por “hegemonia”.
Dentro de um quadro da ACD, podemos enunciar quatro modos de como o poder, a dominância, e a desigualdade estão envolvidos no controlo da mente. Primeiro, os recetores tendem a aceitar as crenças, o conhecimento e as opiniões divulgadas nos discursos produzidos por quem veem como sendo credível, ou de confiança. Segundo, os próprios discursos são impostos socialmente nalgumas situações, é o caso na educação, e em muitas entrevistas de emprego. Terceiro, é comum os discursos públicos ou mediáticos fornecerem informação condicionada, de tal maneira que não possamos derivar crenças alternativas. E por último, os recetores podem não ter o conhecimento e as crenças necessárias para desafiar os discursos ou a informação a que estão expostos.
Referências bibliográficas:
Dijk, T. (2017). Discurso, Notícia e Ideologia: Estudos na Análise Crítica do Discurso. Edições Húmus.
Joana Coelho, a70703