O papel ontem, o teclado amanhã

O papel, outrora papiro, assumia na sociedade um papel preponderante. Fosse quando contratualizava algum serviço adquirido, quando nos dava as notícias pela manhã ou quando vinha encadernado numa bonita capa e assim tínhamos nas nossas mãos um livro. Aquele cheiro a papel novo, ou até usado, que cada vez é menos sentido nos dias de hoje. Cada vez mais surgem no nosso quotidiano os serviços digitais. Sejam as revistas em formato digital, os e-books, as assinaturas digitais, os formulários on-line. Hoje em dia já podemos apresentar uma queixa às autoridades através da internet! Será esta substituição do papel pelos formatos digitais benéfica? Bom, depende do ponto de vista. Logisticamente falando, é benéfico podermos concentrar toda a nossa biblioteca num dispositivo móvel. Não precisamos de andar com documentos e livros atrás, e temos tudo à mão através dos serviços de cloud. No entanto, tudo isto ajuda à imersão total das pessoas no mundo online. Cada vez mais os amigos são feitos online, cada vez mais as saídas são substituídas por conversas online, e agora cada vez mais os nossos olhos estão pregados a um ecrã ao invés de estarem a seguir as páginas que folheamos num livro, ou num maço de documentos. Numa sociedade cada vez mais consumista, isto é autêntica música para os ouvidos de quem produz os gadgets mais avançados do momento. É música para quem produz os famosos Kindle, é música para as empresas de armazenamento digital que vendem pacotes de muitos gigas de espaço, e é também música para as editoras que disponibilizam os seus livros em formato digital, maximizando assim os lucros. Sejamos nós a travar um pouco esta revolução digital, porque se há coisa que ainda hoje nos faz bem e sabe bem melhor offline do que online, é o prazer de ler um livro, e a segurança de assinar presencialmente um documento. Já vivemos excessivamente online, mantenhamos, portanto, algumas das poucas coisas que fazemos em offline intactas, pois a vida das árvores é importante, mas a nossa sanidade mental e o nosso comprometimento com o mundo real também. João Chambinho
publicado por - fcar - às 18:43 | comentar | favorito