O amor existe mesmo?

Hoje em dia, deparamo-nos com uma imensidão de “adoro-tes” e “amo-tes”, mas quantos destes serão reais?

Esse sentimento, tão presente ao longo dos séculos, que dá vida a canções, livros e muito mais, é hoje, bastante fugaz. Cada vez mais “a tal palavra”, que se prossupõe que tenha um significado profundo, é hoje banalizada com a indiferença com que é profanada.

Mas, mesmo assim sendo, e presumindo que ainda muitas pessoas as empreguem no seu real sentido, como é que podemos ter a certeza de que essa “realidade” é mesmo real?

Uma pessoa diz-se completamente apaixonada quando pensa na outra dia e noite, quando todo o seu mundo se tornou a outra pessoa. As pessoas encontram-se de tal forma rendidas que são capazes de dar as suas vidas pelo parceiro. Mas como é do conhecimento comum, este pico da paixão deixa-nos “cegos”. Quantos de vós já se apaixonaram e aos vossos olhos a pessoa era tudo o que sempre quiseram? Posteriormente, damos conta de quetodas as suas qualidades se enalteceram e os seus defeitos, bem, esses…nem damos conta da sua existência, pois parecem-nos mínimos e invisíveis.

Helen Fisher, antropóloga e investigadora do comportamento e da atração romântica interpessoal, defende que o amor não é uma emoção, mas sim, um impulso. Não é um impulso sexual, é bem mais que isso. Pois, por uma rejeição sexual uma pessoa não cai em depressão, mas por uma rejeição amorosa as pessoas pensam que a sua vida acaba e sentem-se até, capazes de morrer ou de matar.

Helen defende, também, a existência de três sistemas cerebrais ou três tipos de “amor”, como lhes queiram chamar. O primeiro é o impulso sexual, aquele intenso desejo do contacto sexual com alguém, tão intenso e impossível de ignorar, tal como o sentimento de fome. O segundo é o amor romântico, este consiste em toda aquela felicidade e obsessão do início do amor. E o terceiro, o apego, aquela sensação de calma e segurança que se tem por um parceiro de longa data.

Estes três sistemas podem descrever a vida amorosa de alguém, por exemplo, o desejo que se sente por alguém que se acaba de conhecer (impulso sexual), conhece-semelhor a pessoa, apaixonam-se, aparece aquele desejo de passar o resto da vida ao lado da outra e constituir família com ela (amor romântico), e a relação mantém-se ao longo dos anos, criam os filhos e envelhecem juntos (apego). Ou, descreve também a possibilidade do amor romântico e do apego apenas surgirem como resultado dos níveis de dopamina, oxitocina e vasopressina provenientes apenas do ato sexual, nomeadamente através do orgasmo.

Mas, nem sempre estes três sistemas estão conectados ou em união cósmica. Pois, explica que é possível sentir um forte apego por alguém, resultante dos anos e experiências que partilharam, desenvolver um intenso amor romântico por outra pessoa, e ainda, sentir um forte e insaciável desejo sexual por outra.

Resumindo, podemos “amar” mais do que uma pessoa ao mesmo tempo. Mas, na nossa cabeça é feito um balanço, estabelecem-se prioridades e escolhe-se aquele que realmente queremos ao pé de nós.

Toda esta ciência explica algo que deveríamos exclusivamente sentir, deixar acontecer, pois assim é que este sentimento será único e arrebatador. Mas será que existe mesmo? Será que são apenas impulsos e necessidades do nosso cérebro? O que acham que realmente sentimos? Acreditam no amor?

Soraia Gonçalves
publicado por - fcar - às 15:58 | comentar | favorito