Manipulação consciente e inconsciente nos media
Um estudo de 2020 concluiu que nesse mesmo ano 59% dos jornalistas acreditam que o público perdeu a confiança nos media. Apesar de nos últimos quatro anos as estatísticas mostrarem que a desconfiança nos media tem vindo a diminuir ligeiramente, ela continua a ser um grave problema que necessita de uma solução.
Há uns anos deparei-me com a seguinte frase “nós não vemos as coisas como elas são, mas sim como nós somos” e quando refleti sobre ela percebi que fazia todo o sentido. Todos nós somos diferentes, vivemos coisas diferentes, temos ambientes familiares diferentes, herdamos genéticas diferentes e interagimos de diferentes formas com a sociedade onde estamos inseridos. Tudo isso molda e reflete-se em quem somos, fazendo com que perante determinada situação a vejamos de formas diferentes. Ter a capacidade de ser totalmente imparcial e objetivo é, argumentavelmente, impossível. Nessa lógica, penso que quando analisamos determinado assunto, ou quando temos algum tipo de poder ou responsabilidade em produzir algum conteúdo, o façamos de acordo com a nossa visão dos acontecimentos mesmo que na nossa cabeça estejamos a ser objetivos. Isto claro, analisando do ponto de vista de quando fazemos coisas de forma inconsciente. Muitas vezes os próprios profissionais não se apercebem dos seus preconceitos até serem feitas queixas, pois o aspeto complicado dos preconceitos é que para a própria pessoa que os tem, muitas vezes torna-se difícil de os identificar.
Pode acontecer “manipularmos” determinada coisa de forma involuntária, porém, o contrário também acontece, ou seja, para além de vermos determinadas situações de diferentes ângulos simplesmente por tudo aquilo que faz de nós quem somos ser diferente, também o fazemos de forma consciente e voluntária, de forma a atingir determinado objetivo. Seja num contexto informativo ou opinativo, dentro dos media, nunca devemos receber informação de uma só fonte. Acontece muitas vezes que ao falar do mesmo assunto, diferentes fontes contem informações ligeiramente diferentes para conduzir o público por determinado caminho. O jornalista tem um dever moral para com esse mesmo público e muitas vezes esse dever não é cumprido.
David Carvalho, a57809