Jornalistas e/ou Comentadores

Em linguagem dicionarística, ser comentador é comentar as notícias e as atualidades, e ser jornalista é pesquisar os factos para redigir artigos e notícias (entre muitas outras atividades). Todavia, a complexidade do real torna essa distinção mais difícil. Com efeito, as linhas estruturais do jornalismo estão em mutação, tanto que o discurso unilateral, de produtores de notícias para consumidores de notícias, é substituído por processos multilaterais, onde a informação evolui para o diálogo (Fidalgo, 2009, p. 2).

Por um lado, não existe um consenso quanto à designação de comentador. Até porque surgem comentadores, igualmente jornalistas. Contudo, podemos considerar por comentadores “o conjunto de colaboradores permanentes, que cada jornal assume como os seus produtores formais de opinião” (Figueiras, 2005). Por outro lado, o papel de comentador é também atribuído a cidadãos comuns, pois “a rádio e a televisão além de chamar especialistas a darem o seu parecer e a justificarem-no, entrevistam cidadãos anónimos para se pronunciarem sobre o assunto em causa” (Fidalgo, 1996).

Ainda assim, podemos constatar que a comunicação social pretende descodificar e levar notícias ao público de forma compreensível e acessível, nem que tenha de recorrer, para isso, a comentadores para concordarem com os seus jornalistas (Sena, 2013). Quer isto dizer, que o comentador serve de complemento à tradução das notícias junto do público, podendo ir mais adiante, ao dar a sua opinião. Em suma, os comentadores proporcionam uma visão reforçada dos factos, a fim de ajudar as pessoas a interpretá-los e a formar a sua opinião. 

 

Referências bibliográficas:

 

Fidalgo, A. (1996). O consumo de informação. Interesse e curiosidade. Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação. http://bocc.ubi.pt/pag/fidalgo-antonio-interesse-curiosidade-informacao.html

 

Fidalgo, A. (2009). Especificidade epistemológica do jornalismo: desfazendo uma ilusão do jornalismo do cidadão. LabCom – Comunicação e Artes. http://www.labcom.ubi.pt/publicacoes/201104301414-antonio_fidalgo_especificidade_epistemologica_jornalismo.pdf

 

Figueiras, R. (2005). Os Comentadores na Imprensa de Referência Portuguesa: 1980-1999.http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2005/resumos/r1239-1.pdf

 

Sena, A. (2013). Modos e mecanismos de credibilidade no jornalismo televisivo. O caso da SIC. Biblioteca On-line de Ciências da Comunicação. http://www.bocc.ubi.pt/pag/m-jornalismo-2013-ana-sena.pdf


Joana Coelho, a70703 

publicado por - fcar - às 19:41 | comentar | favorito