Inquietudes de todos e de ninguém…
Quantos de nós usamos transportes públicos diariamente e viajamos, na companhia de tantos desconhecidos? Quem nunca olhou à sua volta e se perguntou “quem será?” ou “no que estará a pensar?”.
Os meios de transporte são ótimos exemplos do convívio com desconhecidos, com os quais partilhamos um momento, exatamente no mesmo lugar e nem uma palavra trocamos.
Apesar de não proferirmos nenhuma palavra, o olhar fala e a posturada pessoa também. Muitas vezes dou por mim a tentar decifrar o olhar ou a expressão das pessoas, tentando descobrir no que pensa e em como será a sua vida. Apesar de fazer parte da privacidade de cada um, inquieta-me saber que muitas delas passam por situações graves, complicadas, devastadoras e, mesmo assim sendo, trazem consigo um sorriso triste na cara, disfarçando a dor e evitando questões sobre o que pretendem esquecer.
Deparo-me, neste momento, a viajar no metro do porto, onde estão cerca de 50 pessoas. Algumas conversam, outras vem sozinhas e pensativas e outras com um sorriso abatido. Penso que neste pequeno espaço esteja muita felicidade, mas também muita dor… muita ansia de chegar a casa, mas em alguns nem por isso… muitos pensamentos positivos, mas não só.
Cada um traz as suas inquietudes, seja “o que fazer para o jantar?”, “como será que ele/ela está?”, “será que alguém aqui iria compreender a minha situação?”, “haverá aqui alguém tão infeliz quanto eu?”.
Isto são devaneios da minha cabeça, talvez infundados, sugestões apenas. Mas existe pelo menos uma verdade, é que todas as inquietudes tem dono, mas poucos ou ninguém se parecem importar.
Soraia Gonçalves