Escrever sobre amor
A blogosfera transformou-se, nos últimos tempos, num verdadeiro muro de reflexões e considerações sobre amar. Todos parecem ter descoberto a fórmula mágica que determina o palpitar dos corações, o encanto inicial de uma relação e os desencontros a que qualquer casal está sujeito. E porquê? O amor banalizou-se, de tal forma que, maior parte dos posts, abordam os mesmos assuntos: as traições, as mentiras, as desconfianças, o arrependimento, as tentativas de reconciliação…E um sentimento tão complexo, dada a diversidade de formas de estar apaixonado e assim o demonstrar, é como uma adição em que apenas existem dois números, um resultado fixo, e são eliminados quaisquer elementos externos. Se as relações humanas se baseassem sempre no que lemos on-line, todos os romances tornar-se-iam meras linearidades. Um homem e uma mulher apaixonam-se e, apesar de todas as contrariedades, acabam “felizes para sempre”. Ela, com pouco amor-próprio e convicta de que tudo vai mudar, perdoa vezes sem conta as omissões. Ele, acaba por fazer sempre a sua vontade, sabendo que por mais erros que cometa, ela estará, cegamente, à sua espera. Na vida real, o que sustenta as relações é o inesperado. As relações amorosas são a prova de que, por mais definições que existam, não há uma melhor ou outra menos boa. De facto, a dinâmica do amor alterou-se no século XXI, contudo, por mais inspirações que consigamos guardar, escrever sobre este tema continua a ser uma tarefa individual e subjectiva.
Joana Teixeira, nº49393