Belenenses SAD - Benfica: mais uma nódoa no futebol português
Decorreu no passado dia 27 de novembro o jogo da décima segunda jornada da Liga Portugal Bwin que pôs frente a frente os ‘encarnados’ e os ‘velhos do restelo’, ainda que apenas tenham alinhado com 9 jogadores.
A equipa da Belenenses SAD foi vítima de um surto de covid-19 que resultou em 15 casos entre equipa técnica e jogadores. Dificuldade acrescida, visto que a equipa já não podia contar com diversos jogadores ausentes por lesão para o jogo com o Benfica. Com toda esta situação especulava-se bastante se o jogo se iria realizar ou não, pois dos trinta jogadores que a B SAD tem inscritos na liga apenas nove estavam disponíveis.
De recordar que, segundo as regras do futebol é necessário um mínimo de sete jogadores em campo para que a equipa possa alinhar em campo. De relembrar também que um caso de covid não obriga ao isolamento da equipa, apesar de serem as autoridades de saúde que definem quem são os contactos de risco, cada clube tem o seu plano de contingência. Isto segundo o Plano de Retoma do Futebol imposto pela Liga Portugal. Já na época passada o Benfica teve 30 casos de covid entre jogadores e equipa técnica e mesmo assim, o seu pedido de adiamento do jogo com o Nacional da Madeira foi negado pela equipa madeirense, coisa que não fez na meia-final da Taça de Portugal com SC Braga, mesmo tendo 17 jogadores positivos. Já o jogo entre Sporting e Gil Vicente em setembro de 2020, quando ambas as equipas tinham infetados, foi adiado porque a autoridade regional do norte impediu os leões de viajar. No Plano de Retoma da Liga diz também que, em caso de surto, as equipas podem pedir o adiamento dos jogos.
Então depois de uma tarde de negociações e da obtenção dos resultados dos testes pcr da equipa do Belenenses, a equipa do restelo aprentou-se com 9 jogadores em campo, sendo muitos deles jogadores dos sub-23 do mesmo clube e até com um segundo guarda-redes em campo que jogou como avançado. Ao intervalo o Benfica já vencia por sete bolas a zero, uma completa humilhação para os jogadores do Belenenses. A controvérsia já era grande pelas condições que os jogadores da casa entraram em campo mas ficou maior com o resultado ao intervalo e ainda maior quando o árbrito terminou o encontro aos 47 minutos por dois jogadores da B SAD estarem lesionados.
Desde então o jogo foi notícia na imprensa nacional e internacional onde se falou em “vergonha para o futebol”, jogo mais controverso dos últimos anos” , “nódoa no futebol português”, entre outras coisas que se foram escrevendo. Foram atribuídas culpas ao SL Benfica, à Liga Portugal, à Direção Geral de Saúde e onde cada um destes órgãos institucionais passou “batata quente” de uns para os outos. O Presidente do Benfica, Rui Costa, veio logo após o jogo prestar declarações dizendo que ambas as equipas foram obrigadas a jogar pela Liga. A Liga diz que a responsabilidade de adiar jogos ou não, é das equipas. Já a diretora da DGS, a doutora Graça Freitas, também já prestou declarações dizendo que não é responsabilidade da DGS nem do Ministério da Saúde o adiamento de jogos de futebol.
A Belenenses SAD alguns dias depois, fez um apelo à Liga Portugal para que o jogo se repetisse de forma a “respeitar a veracidade desportiva”, como foi escrito nesse apelo, e como resposta a Liga reforçou que ambos os clubes não quiseram adiar o jogo que por sua vez teve resposta da equipa do restelo, insinuando que o relatório do delegado da Liga foi manipulado. A Belenenses SAD foi ainda alvo de um processo disciplinar por parte do Conselho de Disciplina da Fedreação que teve por objeto a insuficiência numérica de jogadores no mesmo jogo contra o Benfica.
A verdade, é que para um jogo onde apenas se jogaram 47 minutos, a batalha fora das quatro linhas já dura há vários dias, enquanto que as culpas continuam num jogo de ping-pong dos clubes para a Liga, da Liga para a DGS e da DGS para Federação. Quem vai ganhar com toda esta atribuição constante de culpas ainda não se sabe, mas quem perdeu foram os adeptos das duas equipas que não puderam ver o jogo até ao fim e o futebol português, que viu mais uma vez a sua imagem manchada.
Tomás Martins
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