ANSIEDADE
Durante a existência do homem as gerações futuras sentiram piedade por todos aqueles que viveram em tempos remotos, por não possuírem o conforto e as inovações que constam nos nossos dias. É comum, quase instantâneo, alguém lamentar as condições precárias em que viviam os habitantes de Lisboa do séc. XVII, tal como a imundice que caracterizava a capital.
De acordo com a história, os que virão depois de mim olharão para nós e nomear-nos-ão como primários e coitados por não termos tido acesso a isto e aquilo.
Todavia já caminhámos tanto, sedentos de inovação, caminhamos somente para a nossa destruição. Imaginem que as gerações futuras não cheguem a sentir piedade de nós e o contrário se suceda? Nunca em tempo nenhum se observou um índice de população nervosa, stressada tão elevado. Desde cedo que aprendemos as bases da matemática, da língua, o que é a Via Láctea e como somos por dentro, (somente em termos físicos).
Já ninguém olha para dentro, antes de procurar respostas é necessário formular questões. Uma pessoa pode ser bem-sucedida profissionalmente e concomitantemente ser um insucesso dentro de si, prisioneiro de si mesmo, dos seus medos e pensamentos.
A ansiedade está na moda, em exemplo das calças à boca de sino. Ninguém se atreve a pensar que isto é um problema grave e que os futuros líderes do país são jovens neuróticos, ansiosos, que não aprenderam a ser criticados. Nunca em tempo nenhum fomos tão cientificamente inteligentes e tão ignorantes no que toca o campo da metafísica e das emoções.