Ainda estou à espera desse dia
Mark Twain escreveu que os dois dias mais importantes da nossa vida são aquele em que nascemos, e aquele em que descobrimos o porquê. Ainda estou à espera desse dia.
O ser humano tem a necessidade inerente de se melhorar e de se ultrapassar. A todo o instante, procuramos ser melhores que o outro ou que nós próprios, exibindo-o que nem pavões eriçados. Critico, mas faço o mesmo. É a nossa natureza, não há como evitar.
Socialmente, somos um cardume desmiolado. Seguimo-nos uns aos outros, onda atrás de onda. Formamos um mar de cabeças cegas, numa corrente fordista que ruma à formatação de uma vida linear. Bradamos que o sistema tem falhas, que é injusto e que tem que ser remediado. E nada fazemos. Acabamos a noite a olhar pela janela, de olhos fixos no horizonte e a pensar, "onde é que eu errei?". Adormecemos a esmurrar o colchão, e a chorar. Pelos corações partidos, pelas injustiças, pelas perdas. Tijolos bem assentes numa parede que nunca cessa em crescer. Uma parede que cria uma personalidade, que protege de desgostos e que esconde segredos. Uma parede que afasta pessoas, que nos isola e que atraiçoa. Uma parede que, inexplicavelmente, nos entristece e alegra ao mesmo tempo. Uma parede que...
...tem um porquê. Tal como todos nós. Casulos destinados a viver de uma forma. Indivíduos únicos que traçam o seu próprio caminho.
Gente que se ergue todos os dias por cima da sua própria parede, e que tenta quebrar as de outros. Gente que é atingida por uma réstia bruta de esperança. Gente que é sacudida no ar pelos colarinhos e depois espezinhada no chão, enquanto lhes gritam aos ouvidos: "o amor é lindo, porra."
Gente que, depois de tudo, acaba a questionar-se se o seu lugar é mesmo este.
Gente que, ao final do dia, adormece a esmurrar o colchão e a chorar.
Gente como nós.
Gente como tu, e eu.
Miguel Pereira, n°61379
O ser humano tem a necessidade inerente de se melhorar e de se ultrapassar. A todo o instante, procuramos ser melhores que o outro ou que nós próprios, exibindo-o que nem pavões eriçados. Critico, mas faço o mesmo. É a nossa natureza, não há como evitar.
Socialmente, somos um cardume desmiolado. Seguimo-nos uns aos outros, onda atrás de onda. Formamos um mar de cabeças cegas, numa corrente fordista que ruma à formatação de uma vida linear. Bradamos que o sistema tem falhas, que é injusto e que tem que ser remediado. E nada fazemos. Acabamos a noite a olhar pela janela, de olhos fixos no horizonte e a pensar, "onde é que eu errei?". Adormecemos a esmurrar o colchão, e a chorar. Pelos corações partidos, pelas injustiças, pelas perdas. Tijolos bem assentes numa parede que nunca cessa em crescer. Uma parede que cria uma personalidade, que protege de desgostos e que esconde segredos. Uma parede que afasta pessoas, que nos isola e que atraiçoa. Uma parede que, inexplicavelmente, nos entristece e alegra ao mesmo tempo. Uma parede que...
...tem um porquê. Tal como todos nós. Casulos destinados a viver de uma forma. Indivíduos únicos que traçam o seu próprio caminho.
Gente que se ergue todos os dias por cima da sua própria parede, e que tenta quebrar as de outros. Gente que é atingida por uma réstia bruta de esperança. Gente que é sacudida no ar pelos colarinhos e depois espezinhada no chão, enquanto lhes gritam aos ouvidos: "o amor é lindo, porra."
Gente que, depois de tudo, acaba a questionar-se se o seu lugar é mesmo este.
Gente que, ao final do dia, adormece a esmurrar o colchão e a chorar.
Gente como nós.
Gente como tu, e eu.
Miguel Pereira, n°61379