Seja qual for a área por onde se avalie o impacto que o ano que agora se
encontra prestes a terminar tem tido sobre Portugal, não é fácil encontrar
indícios que nos façam olhar o ano 2013 com otimismo.
Como tantos outros setores, o da comunicação social não é uma exceção, rosto
disso mesmo foi o recente despedimento de 36 jornalistas do Jornal Público.
Acontece que este não é o único indício de que os Media já foram ³apanhados²
pela crise económica que se vive no país, pois, o Orçamento de Estado para o
ano que se avizinha prevê um corte de 30% na despesa da agência noticiosa
Lusa. Esta praga também contagiou o grupo Impresa, que se viu já obrigado a
despedir alguns dos seus jornalistas e a pôr fim a certas publicações.
Perante isto dou por mim a pensar: será que esta crise dos Media afetará a
qualidade jornalística de que tantos jornais como o Público tanto se
orgulhavam até aqui?
Outra questão inquietante é: Que perspetivas existem para nós, estudantes de
comunicação, que queremos seguir jornalismo?
O que nos dão como resposta é que o mercado está saturado e que a corrida
para entrar em cursos de jornalismo chega a ultrapassar dez vezes a oferta.
A sério?
É triste saber que em Portugal estas são as respostas que nos dão enquanto
noutros países da europa é o ³quem dá mais² para recrutar pessoal.
Nesta matéria do jornalismo temos ainda uma última porta por abrir: a do
jornalismo digital. Será que o futuro do jornalismo irá passar por aí? Ou
que o jornalismo grátis na internet irá ser um erro que levará a mais
despedimentos? Será que não estamos a renunciar à informação como valor?
Veja-se o caso do The New York Times, com um milhão de leitores na edição
impressa e 22 milhões na edição digital. Até aqui nada de novo, já que
vivemos na era das novas tecnologias, porém, a receita que o jornal retém
com a publicidade na edição impressa é mais do triplo da que o jornal ganha
com a edição digital.
Qual será então o futuro do jornalismo?
Filipa Camacho (44539)
É assustador ligar a televisão à hora, tão bem memorizadas por todos nós, do telejornal.
Seja em que canal for as notícias são, na sua maioria, aterrorizantes e, agora, chegámos ao paradoxo de ver notícias graves sobre os meios de difusão dessas notícias. Os problemas que levantas são, obviamente, preocupações que todos devemos ter em conta, não fossemos nós futuros comunicadores deste país (ou talvez de outros ...). O jornal em papel parece correr o risco de desaparecer tal como desapareceram os postos de trabalho que mencionaste; o valor da manutenção imprensa e, consequente, compra do seu suporte escrito, porque recebem muito mais do que se for em suporte digital, parece pouco importar. Acho que todos e, não só os diretamente envolvidos na questão, deviam pensar ... «Como vai ser uma sociedade baseada em computador?» As informações vão chegar todas pelo ecranzinho brilhante, a comunicação interpessoal vai sendo cada vez mais diminuta; o nosso futuro é viver entre quatro paredes com uma quantas teclas por baixo dos nossos dedos?
Inês Fernandes a 2 de Dezembro de 2012 às 20:15
*Inês Fernandes a44818
Inês Fernandes a 2 de Dezembro de 2012 às 20:16
Não devia de ser surpresa os cortes sofridos ou prestes a sofrer nas áreas referidas, isto porque, a acrescentar aos altos números de desemprego na comunicação, os despedimentos já se previam.
O medo de que a qualidade se perca neste processo é razoável. Quando uma agência de notícias ou um jornal se vê obrigado a cortar nos funcionários, é claro que se perderá algumas qualidades e particularidades importantes, por isso é que é um assunto preocupante.
O futuro é incerto. A procura é muito maior do que a oferta; as universidades aceitam demasiados alunos; talvez ajudasse se a licenciatura se estendesse, pois a cada três anos se licenciam imensos “desempregados”.
Cátia Ferreira a 3 de Dezembro de 2012 às 21:42
Cátia Ferreira nº44993
Cátia Ferreira a 3 de Dezembro de 2012 às 21:43
Eu vejo esta notícia com preocupação, como todos os estudantes de Comunicação, penso eu. Relativamente à discrepância entre o número de leitores online e leitores das edições impressas dos jornais, os números são galopantes. Eu deixo aqui um exemplo. O jornal desportivo que eu leio, Record, passou a ter,ultimamente, algumas notícias no seu site que são notícias PREMIUM. Estas notícias estão limitadas a um parágrafo e só podemos ver a notícia completa mediante o pagamento de uma taxa semelhante ao preço da edição impressa do jornal. Esta é uma medida que já ajuda a que os leitores comprem mais edições impressas, visto que estas notícias PREMIUM são geralmente os artigos de reportagem e de investigação do jornal. Esta e outras medidas podem vir a ser interessantes e dinamizar os órgãos de comunicação social. Pessoalmente, devo dizer que nunca paguei essa taxa mas admito que pessoas que vivem no estrangeiro paguem essa taxa, visto que têm mais dificuldade em adquirir as edições impressas do jornal.
Diogo Oliveira a 6 de Dezembro de 2012 às 01:25
O futuro do jornalismo passa por adaptar-se às novas realidades, ou seja, vivemos numa era digital e, portanto, os media têm de começar a arranjar modelos alternativos de forma a não por em causa a sua sobrevivência.
Com a crise, vários setores se ressentiram. O jornalismo não foi exceção. É verdade que existe uma dispensa de pessoal em variados meios de comunicação, o que torna o panorama preocupante. Porém, a contenção de despesas não desculpa muito do mau jornalismo praticado em Portugal.
Existe princípios fundamentais que deviam imperar nos meios de comunicação tais como: a independência perante os grandes grupos económicos e políticos, qualidade dos conteúdos, honestidade e rigorosidade, profissionalismo, entre outros.
Pedro Cardoso, nº 44525
Pedro Cardoso a 8 de Dezembro de 2012 às 00:28
Sem dúvida que o jornalismo terá de se habituar as novas tecnologias e aprender a viver com elas. A imprensa em papel espero que, eventualmente, caia em desuso por uma questão simples de ecologia. O desperdício de papel e de água para a reciclagem do mesmo estão a esforçar recursos mundias que poderiamos poupar para a flora e fauna do mundo, quando já existem soluções como as tablets, os computadores, smartphones e por ai adiante. Creio que a revolução dos medium que vai acontecer ir-se-à relacionar com a adoção de um modelo mais americano, isto é pessoas com canais próprios como canais de youtube e blogs começaram a desenvolver-se profissionalmente e a ser pago pelas visitas e publicidades do seu espaço online. Quanto aos jornalistas estes terão de se adptar À era digital e suponho que as suas novas funções passarão sobretudo pro trabalhar em publicações online ou para plataformas digitais.
Quanto ao excesso de alunos que cursos como o nosso tem acredito que muitos de nós mesmo após a licenciatura e mestrado continuarão a não possuir as ferramentas de um jornalista. Esta profissão exige muito de uma pessoa e sinceramente não acredito que todos tenham a coragem, espírito crítico e curiosidade que farão de si próprios bons profissionais. Como em todos os cursos há saídas que não são as mais óbvias que são mais indicadas. É muitas vezes uma ilusão pensarmos que todas as pessoas de um curso conseguirão um emprego nessa mesma àrea. Há muitos que simplesmente não foram feitos para essa àrea.
Dulcineia Dias 44934
Dulcineia Dias a 9 de Dezembro de 2012 às 10:57
Dúvidas que nos assolam, ou deviam assolar, a todos. Viver sob a incerteza do que vem no futuro e do que seremos após terminar o curso, é, de facto, angustiante. Não conhecia os dados que referiste no teu artigo. As entradas em cursos de comunicação e jornalismo ultrapassa em dez vezes o nível da oferta? Isso, na minha opinião, lança uma outra questão: porque permitem as universidades e o ministério a entrada de tantos alunos anualmente para um curso que sabem, à partida, estar lotado e sem perspetivas de futuro no mercado de trabalho? O papel das entidades do ensino superior devia ser, como está escrito, acompanhar o desenvolver do mercado de trabalho e ajustar os cursos a essas mesmas necessidades, mas cá me parece que isso não está, de todo, a ser feito. Sinto-me preocupado, mas ao mesmo tempo esperançoso e otimista quanto aos próximos anos. A ver vamos...
André Palma nº 45218
André Palma a 16 de Dezembro de 2012 às 14:20