Por favor, mais reality shows!
Ontem tive um sonho. Sonhei que a TV portuguesa se tinha rendido
aos encantos dos reality shows. Mais, sonhei que, sem exceção, todos os
principais canais portugueses tinham encomendado camiões de reality shows,
com pompa e circunstância, várias temporadas, temas e públicos-alvo
distintos, aí até 2020. Despertei bruscamente com o barulho do berbequim de
um vizinho que não faz ideia do transtorno que é acordar antes das dez num
fim-de-semana para um estudante universitário.
Passei o domingo à espera de saber quem ia sair da Casa, mas,
com muita pena minha, um Grande Irmão impediu-me de ficar acordado até
tarde. Acabei por dormir sem saber quem tinha proferido a frase mais gira da
gala, pelo que estava com medo que no recreio de segunda me pusessem de
parte. Mas não. O pessoal envolve-se nestas causas e dá sempre o braço a
torcer por quem não investe tempo suficiente a saber quantos minutos levou a
Sónia, ou a Andreia ou a Tânia, de cuecas e soutien. Para que conste, nem
chegou ao par de horas, pelo que fiquei desiludido. Mas não é só destas
minudências que vivem os reality shows...
Num dos diretos da semana passada, parece que o Ernesto se virou
para a Sónia - sim, esta tem estado fresca - e lhe disse das boas.
Insurgiu-se contra o despudor desta e, qual chefe de família, ensinou-nos
uma lição muito importante: entre pagar a uma profissional do sexo e
observar quem se comporta como tal, a segunda opção é sempre mais viável,
pois hoje em dia, com o ressurgimento da discussão sobre a ausência dos
valores morais na nossa sociedade, pesa sempre um bocado menos na
consciência ficar em casa. Outro episódio daqueles imemoráveis (bem, se
calhar nem tanto, já que é recorrente) é o do concorrente que nos brinda com
o seu amplo conhecimento geográfico. Sem querer citar exemplos, acho que os
protagonistas destas tiradas animadas (que funcionam mais ou menos como o
feel good song dos reality shows) têm sido injustiçados. Quantos contextos
geopolíticos diferentes tiveram eles que conhecer com este sistema de
educação? Pois.
Não vos maço mais com a minha visão cáustica deste tipo de
programas. Não obstante, deixo o apelo: por favor, mais reality shows! 24
sobre 24, mas gratuitos de preferência! Nunca deixem o voyeurista que há em
mim morrer que, prometo, me continuarei a indignar com a escassa nudez
destes programas. Queremos mais maminhas ao léu!
André Santos, nº 45796
aos encantos dos reality shows. Mais, sonhei que, sem exceção, todos os
principais canais portugueses tinham encomendado camiões de reality shows,
com pompa e circunstância, várias temporadas, temas e públicos-alvo
distintos, aí até 2020. Despertei bruscamente com o barulho do berbequim de
um vizinho que não faz ideia do transtorno que é acordar antes das dez num
fim-de-semana para um estudante universitário.
Passei o domingo à espera de saber quem ia sair da Casa, mas,
com muita pena minha, um Grande Irmão impediu-me de ficar acordado até
tarde. Acabei por dormir sem saber quem tinha proferido a frase mais gira da
gala, pelo que estava com medo que no recreio de segunda me pusessem de
parte. Mas não. O pessoal envolve-se nestas causas e dá sempre o braço a
torcer por quem não investe tempo suficiente a saber quantos minutos levou a
Sónia, ou a Andreia ou a Tânia, de cuecas e soutien. Para que conste, nem
chegou ao par de horas, pelo que fiquei desiludido. Mas não é só destas
minudências que vivem os reality shows...
Num dos diretos da semana passada, parece que o Ernesto se virou
para a Sónia - sim, esta tem estado fresca - e lhe disse das boas.
Insurgiu-se contra o despudor desta e, qual chefe de família, ensinou-nos
uma lição muito importante: entre pagar a uma profissional do sexo e
observar quem se comporta como tal, a segunda opção é sempre mais viável,
pois hoje em dia, com o ressurgimento da discussão sobre a ausência dos
valores morais na nossa sociedade, pesa sempre um bocado menos na
consciência ficar em casa. Outro episódio daqueles imemoráveis (bem, se
calhar nem tanto, já que é recorrente) é o do concorrente que nos brinda com
o seu amplo conhecimento geográfico. Sem querer citar exemplos, acho que os
protagonistas destas tiradas animadas (que funcionam mais ou menos como o
feel good song dos reality shows) têm sido injustiçados. Quantos contextos
geopolíticos diferentes tiveram eles que conhecer com este sistema de
educação? Pois.
Não vos maço mais com a minha visão cáustica deste tipo de
programas. Não obstante, deixo o apelo: por favor, mais reality shows! 24
sobre 24, mas gratuitos de preferência! Nunca deixem o voyeurista que há em
mim morrer que, prometo, me continuarei a indignar com a escassa nudez
destes programas. Queremos mais maminhas ao léu!
André Santos, nº 45796