Escrevei o que vos aprouver

Minha alma dói de tanto pensar naquelas máquinas inovadoras onde as pessoas escrevem ao tocar numa tecla e aquilo aparece numa pequena televisão. Ai de mim, que dolor é pensar que sei o que não sei, mas que esta pequena máquina sabe. Porquê?! Porque tenho eu que pôr o número e ela agilmente faz a conta enquanto eu ainda tento pensar em como se escreve o número. Depois vem o lord das máquinas, e com o seu cabelo ondulado e o seu andar prepotente, desliza até mim e com o seu falso sorriso passa a mão pelo cabelo, como quem passa a mão por um lençol sedoso, e me diz de forma sarcástica que aquela ou a outra máquina hão de satisfazer-me. Convenço-me da sugestão deste individuo e como pequena agricultora das letras, sem grande experiência e arte destas coisas eletrónicas saio daquela mercearia de máquinas com algo que nem sei para que serve.

 Respondei-me senhor dos senhores e da ciência dos média. Ai de mim!!! Porque é que uma pequena flor já não faz o homem feliz?!  Para que queremos nós o campo se em vez de sentirmos o seu odor e vaguearmos por entre as suas planícies, olhamos para imagens através de um ecrã onde nada se compara à experiencia de estar ao ar livre? Para que queremos nós o mundo se não o vivemos, e apenas o observamos através de um ecrã?

publicado por - fcar - às 11:57 | comentar | favorito