E comunicar????
A discussão em redor do tema repete-se anualmente. Nova vaga de estudantes, nova ronda de
discussões:
- Nesta Universidade onde e como comunicar?
Pode parecer ridículo que esta questão se coloque numa escola que, recentemente,
acrescentou um Cê à sua sigla, passando de Escola Superior de Educação (ESSE) para
Escola Superior de Educação e Comunicação (ESEC).
Senhores e senhoras, dou-vos a novidade
NÃO É.
Apesar da pomposidade do novo nome, é muito difícil COMUNICAR nesta escola.
Não me refiro a colocar uns posts pontuais num blogue como este...
Não me refiro a saber utilizar as tutorias
Não me refiro a trocar uns e-mails, mais ou menos preocupados ou descontraídos, com
colegas ou professores
O tema que anualmente emerge nas conversas desaparecendo na época da apresentação de
trabalhos e realização de frequências, para renascer no semestre seguinte é onde e como
apreender a comunicação de forma prática, que possa ser útil para a vida que se vai
enfrentar lá fora.
Há uns anos existiu nesta universidade um jornal E ERA MESMO IMPRESSO EM PAPEL.
Infelizmente a certa altura perdeu a sua essência. Transformou-se num pasquim, feio,
ilegível
Quantos jornais de liceu eram bem melhores.
O Canudo morreu e deixou poucas saudades.
O projecto da RUA supostamente Rádio Universitária do Algarve - também não responde às
necessidades dos alunos. Quantos estudantes de comunicação ou outros passaram pelos
seus microfones nos últimos anos.
Quantos dos que por lá passaram conseguiram manter uma presença assídua, mesmo em
época de frequências, de exames ou de trabalhos.
Não sei a resposta
, mas sei que foram muito poucos.
A Universidade investiu recentemente em novos equipamentos audiovisuais. Supostamente
para abrir portas à televisão
ao futuro.
Não sei por onde passa o projecto. Fala-se em colocar ecrãs espalhados na ESEC. Criar um
canal interno de televisão
Pergunto quem entre os estudantes vai alimentar este projecto com as horas
necessárias para manter uma emissão regular.
Vamos esperar pelas cadeiras de opção semestrais para garantir alguma produção
própria?
Vamos repetir esses produtos até perderem brilho?
Vamos acabar por quase profissionalizar este novo canal de comunicação da Universidade,
como já aconteceu na RUA?
TEMO QUE SIM.
Temo que não surja nada de novo a não ser o material.
Está na hora da Universidade mudar o seu paradigma de comunicação.
A vontade e necessidade de comunicar por parte dos alunos não pode continuar a ser
canalizada para blogues ou páginas web construídos semestralmente ao sabor de uma cadeira
ou de uma vontade.
A Universidade tem de aproveitar a vontade dos alunos para progredir, para ganhar
conhecimentos, para se tornarem profissionais
Mas, mais do que exigir, a Universidade tem de criar condições para que estes projectos
tenham continuidade. Não morram ao fim de cada semestre, ao fim de cada cadeira.
O investimento parece estar feito
As experiências conduzidas por vários professores mostram que blogues e sites são
veículos interessantes e versáteis para complementar um meio de comunicação.
Uma redacção estruturada poderia alimentar um canal multi-meios deste tipo
A Universidade do Algarve tem, de apostar na criação de uma voz para os seus alunos. Uma
estrutura que garanta a continuidade do trabalho e, com isso, assegure visibilidade
interna e, também, externa.
As experiências já existem noutras universidades. Não é preciso criar nada de novo.
Professores garantem a direcção e qualidade do projecto. Os estudantes preenchem o resto
da estrutura consoante as capacidades que demonstram
Mas para que isto funcione não basta à universidade dizer sim, bater umas palmas e ficar
à espera.
A Universidade também tem de saber dar
Dar apoio à ideia.
Dar condições a um ou mais professores para assumir o projecto.
Dar possibilidade de ganhar créditos por trabalhar na redacção.
Com uma estrutura destas a funcionar seria fácil qualquer uma das outras escolas promover
também os seus trabalhos.
Colocando esta matéria nos canais internos e na internet textos, fotografias ou vídeo
dinamizava-se a escola, a vontade dos estudantes, da própria universidade
Será que há vontade para avançar com um projecto deste tipo?
Ou será que em 2012 alguém vai escrever mais uma vez um texto semelhante a este
Carlos Guerreiro