No outro dia estava no Twitter e, sem querer, entrei numa discussão sobre apropriação cultural, mas o que é exatamente a apropriação cultural? Vários artigos, expõem a apropriação cultural como um fenómeno estrutural e sistémico, ou seja, é o uso de elementos típicos de determinada cultura por pessoas pertencentes a um grupo cultural diferente (Ribeiro, 2017). A discussão baseou-se no facto de uma rapariga coreana, famosa no mundo da música, ter utilizado um disfarce nativo-americano, num evento de Halloween. Bastantes fãs e não-fãs sentiram-se insultados por verem algo que pertence à cultura indígena ser usado como forma de entretenimento. Eu, tendo em conta o país e continente em que vivo, defendi a dada rapariga. Escusado será dizer que houve bastante gente que não ficou feliz. A discussão não era entre pessoas que falavam a mesma língua, e, tão pouco, viviam no mesmo continente. Fiquei irritada. Porquê? Porque as pessoas que estavam insultadas estavam a assumir que toda a gente, em todo o mundo, soubesse a sua história. A questão de assumirem que todos conhecem a cultura indígena e sabem os seus costumes e a sua história, quando muito provavelmente essas mesmas pessoas não sabem a história e a cultura coreana, deixou-me na defensiva. Nós somos educados com os nossos valores e a nossa história, e o que nos ensinam na escola é exatamente isso. Dependentemente de onde vivemos, é daí que aprendemos a história. Nós somos ensinados sobre outras culturas até certo ponto e, se quisermos aprender mais, temos de o fazer por conta própria. Se uma pessoa está se a apropriar culturalmente de uma determinada cultura, mas não o está a fazer de forma ofensiva nem com o objetivo de humilhar, não creio que seja tão mau. Considero também que devemos tentar mostrar a essas pessoas o porquê de não estar correto e ensiná-las para que da próxima vez não cometam o mesmo erro. Ana Graça | 61501