22
Mar 16
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Mar 16

Será o começo da obscuridade?

Estou a entrar na casa dos vinte anos e sinto que nunca fui capaz de apreciar aquilo que a vida me proporcionou e, por incrível que pareça, nunca valorizei as oportunidades que me ocasionaram de conhecer outras culturas e de desvendar diversas personalidades. Infelizmente despertei e refleti sobre estes factos por um motivo desastroso. O mundo e a maldade que nele subsiste obrigaram-me a valorizar aquilo que tenho e que posso vir a ter. Atualmente, sinto que vivo num mundo obscuro que está a criar seres humanos implacáveis e cheios de desumanidade. «Ato de violência contra um indivíduo ou uma comunidade». Foi com este desastroso conceito intitulado de TERRORISMO que vivi o meu dia de hoje ao ler as notícias pela manhã. Passaram pouco mais de quatro meses depois dos atentados em Paris e já estamos a viver novamente num ambiente de terror e insegurança constante: o pavor instalou-se, mais uma vez, na Europa, mais concretamente em Bruxelas devido às explosões no aeroporto e numa estação de metro. Várias foram as vítimas mortais, assim como os feridos. A minha questão assenta sobretudo no porquê de tudo isto: interesses económicos? Religião? Imposição? Incompreensão? Questão que não tem qualquer tipo de resposta, pois não existe justificação para toda esta irracionalidade. Somos todos diferentes, mas também todos iguais, somos todos seres humanos. De facto, este devia ser o pensamento de toda a humanidade. A Europa tornou-se um lugar inseguro e inconstante tal como todo o mundo. Parece uma guerra sem fim. A incapacidade daqueles que querem lutar pelo mundo pacífico torna-se evidente; a obrigação de crescer igual; o arrependimento é óbvio; e, viver com medo de nunca mais poder aproveitar a vida ou ter direito a ela é demasiado claro. Todas estas conclusões entristecem-me e torna-se inevitável não me questionar: ainda tenho muito para viver ou vou ser forçada a sobreviver?

Beatriz Correia Teixeira, 52791

publicado por - fcar - às 22:12 | comentar | ver comentários (4) | favorito
21
Mar 16

Je suis Charlie. Mas somente quando têm a minha opinião

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Foi em Janeiro de 2015 que ocorreram os ataques à redação do Charlie Hebdo em França. Todo o mundo acordou e fez celebre a frase “ Je Suis Charlie” . Esta frase ficou conhecida como símbolo da liberdade de expressão e do direito à escolha pessoal sem sermos criticados.

Mas será verdade o que terá acontecido? Teremos nós aceite tudo e mais alguma coisa? Não. A verdade é que nos tornamos “ charlies ” por apenas uma semana, ou então, quando alguém diz algo que não gostamos mas para eles faz sentido. Por exemplo, é mais fácil uma pessoa criticar dizendo que está errado e que não pode fazer isso do que retificar com o seu ponto de vista.

A liberdade de expressão é universal e todos sabem que significa que podemos dizer o que quisermos sem sermos julgados ou até mesmo perseguidos . Mas infelizmente não é o caso. Hoje em dia é mais provável que sejamos uns “racistas, xenófobos e misóginos” por gostarmos de humor negro do que perigos para a sociedade por sermos apoiantes da pedofilia. Há que salientar que há casos no mundo em que o mesmo é considerado uma orientação sexual.

Temos de acordar para isto. Temos de ser igual para tudo e todos. Respeitar as escolhas das pessoas. Se eu gostar de rir com piadas mais negras, não poderei ser mais criticado se um dia disser que todas as pessoas de etnia estrangeira não merecem viver. Não faz sentido, julgarmos uma pessoa por aquilo que a faz rir mais do que por aquilo que faz em sociedade e que pode ou não prejudicar todos em redor. Sempre me disseram que o riso é contagiante, mas ao que parece todos devemos rir do mesmo e sermos todos iguais. Sem piada a meu ver.

Para terminar, “ Je suis Alexandre” e isto é a minha opinião. Nua e crua.

Alexandre.
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21
Mar 16

As aparências iludem

Somos diariamente confrontados com centenas de conteúdos n as redes socias. Alguns divertem-nos, outros causam-nos algum desconforto e outros podem até suscitar sentimentos pouco saudáveis e simpáticos. Basta acedermos ao feed das novidades nas várias redes socias em voga para sermos bombardeados com excertos de vidas que são aparentemente perfeitas e intocáveis. Desde a viagem maravilhosa ao Brasil , passand o pela foto no restaurante caro, até ao anel oferecido pelo namorado perfeito, vemos um pouco de tudo. As redes sociais passaram também a ter o seu q.b. de revista cor-de-rosa, onde não há «nada fora do sítio» , neste caso , onde não há espaço para deslizes no que toca a promover um quotidiano . Tudo parece correr às mil-maravilhas. Acabamos por nos questionar sobre o segredo daquela pessoa, mas na realidade …N ão há segredo. Trata-se de iludir o próximo, um quase desporto bastante praticado nos dias de hoje , e os requisit os necessários para praticar esta modalidade são muito simples. Basta parecer mais feliz, mais giro(a), mais rico (a) e mais divertido (a) do que os nossos “amigos” virtuais . Para que isto aconteça, a maioria das pessoas é capaz de tudo, até de passar um dia a tirar fotografias para conseguir aquela que será capaz de atingir os 400 gostos , no mínimo. É uma realidade cada vez mais presente nos nossos aparelhos digitais e que nos resta fazer é deixar de seguir as aspirantes a estrela.

Joana Rodrigues: 51712
publicado por - fcar - às 22:43 | comentar | ver comentários (4) | favorito
17
Mar 16
17
Mar 16

Sinel de Cordes

Um assunto que muito tem dado que falar prende-se com as piadas do humorista Sinel de Cordes a propósito da atriz Sofia Ribeiro, que tornou pública a sua doença cancerígena. Há quem aponte o dedo à atitude do humorista e quem defenda a liberdade de expressão deste. Contudo, eu sou da opinião que a liberdade de cada um acaba onde começa a dos outros. E apesar das piadas relativas à Sofia de Ribeiro serem as mais recriminadas do humorista, que acabaram por lhe dar protagonismo e visibilidade, e apesar de eu achar uma atitude absolutamente reprovável e de muito mau gosto, a Sofia é adulta, figura pública e, se tudo correr pelo melhor , conseguirá combater a sua doença e essa não será uma condição per manente para o resto da sua vida . No entanto, outro tipo de piadas como as que vou passar a citar deixaram-me profundamente incomodada e triste com a natureza humana:

- « A nova moda das pistas de gelo em Lisboa é ridícula e perigosa para as crianças. Eu acho que estas pistas só deviam ser permitidas a crianças com trissomia 21. Porque são os únicos, que se caírem com a cara no gelo, ela não fica em pior estado do que já estava. »

- « Se estão a pensar ser pais, comprem primeiro um cão de raça boxer. Assim, se o vosso filho sair mongolóide já não estranham a baba pela casa. »

- « Ter síndroma de Down é como ser cigano. Para casar, só com alguém que tenha o mesmo problema. »

Estes são apenas alguns exemplos de piadas do humorista, consideradas pelo próprio das mais ofensivas que já fez ao longo da sua carreira, como se isso fosse motivo de orgulho. Para além de não achar qualquer tipo de piada a estas infelizes lembranças, não consigo conceber de qualquer forma como é que uma pessoa vai buscar este tipo de assunto para ser alvo de chacota. O humorista já se defendeu dizendo que as suas piadas não espelham de forma alguma a sua opinião pessoal, mas, ainda assim, no meio de tantos assuntos por onde pegar quem é que na sua perfeita sanidade mental se lembra de humilhar, desta forma, CRIANÇAS com deficiências, que nasceram desta forma sem terem culpa nenhuma e sem qualquer possibilidade de mudar a sua condição perpétua. Que gozem com roupas foleiras, penteados extravagantes, gafes em televisão, situações pontuais que no dia seguinte já ninguém se lembra e que podem ser mudadas. Mas piadas relativas a crianças inocentes e sem qualquer culpa da condição com que nasceram é uma atitude repugnante e desumana. O fator ‘graça’ está longe de pesar como argumento.

Não só as pessoas que fazem este tipo de piadas mas também quem as aplaude e aprecia, fazem-me questionar a raça humana e o bom senso.

Marta Santos, 51766
publicado por - fcar - às 17:40 | comentar | ver comentários (7) | favorito