De acordo com uma reportagem que vi no Diário de Notícias, não pude deixar de me preocupar com esta situação.
Sou uma pessoa que adora animais, essencialmente cães, e simplesmente não consigo aceitar que estas situações continuem a acontecer. Abandonar um animal recém-nascido, mais idoso ou doente na rua, ao frio? Ou no caixote do lixo? É completamente absurdo! Animais também são seres vivos e também sofrem. A partir do momento em que acolhemos um animal, é nosso dever criá-lo e ajudá-lo até ao fim da sua vida. E não, jogá-lo fora a partir do momento em que deixamos de conseguir criá-lo. Antes de aceitar ter um animal de estimação, temos de pensar em todas as condições necessárias. Se temos condições em casa, espaço, transporte para levá-lo connosco ao ir de férias, tempo para cuidar dele… É nosso dever fazê-los feliz porque eles também nunca nos abandonam.
Os animais também têm sentimentos e eu, por experiência própria posso dizer isso. Eu tinha dois cães (ambos de caça) mas um deles foi morto por alguém que não tem sentimentos pelos animais. E eu já não ia a casa há mais de um mês, e quando cheguei (não sei se foi pura coincidência ou não), reparei que uma fotografia que eu tinha fixado no frigorífico com a minha irmã, tinha caído no chão. E quando fui ver os cães, estava lá ele com a patinha e o focinho em cima da fotografia sem a ter mordido ou estragado. Isto pode ser coisa da minha cabeça, mas sinceramente, não sei como isto aconteceu. Será que já sentia a falta das brincadeiras? Será que conseguiu reconhecer-nos na fotografia? Foi uma coisa que não consegui explicar. E assim que me viram começaram a saltar para cima de mim e estavam mesmo contentes. Porque eu tento sempre dar-lhes aquilo que eles merecem, tal como eles me dão a mim, os mimos que às vezes preciso.
Voltando à reportagem, já há vários anos que em Sintra (apesar de não ser o único local do país), o canil municipal se tem tornado numa sala cada vez mais pequena e insuficiente para acolher a quantidade de animais que chegam e aguardam por uma adoção, todos os dias.
Durante a época de verão é quando o número de animais abandonados começa a aumentar. Contudo, ao longo destes últimos anos, este número está a ser agravado ao longo de todo o ano, devido às dificuldades económicas das famílias portuguesas. Tem-se notado num grande aumento de animais que são entregues ao canil e abandonados nas ruas. As principais razões que levam a que isto aconteça, é o facto de as pessoas irem para férias e não ter ninguém com quem deixar os bichinhos, juntamente com as questões de crise, mudanças de casas e desemprego que, os abandonam quando começam a deixar de ter condições para os sustentar.
Segundo o artigo que li, desde Junho deste ano, que foram entregues ao local 273 cães, 156 gatos e até mesmo 15 animais de quinta. Muitos deles chegaram em condições deficientes e desidratados, por serem abandonados durante a noite, acabando por correr o risco de serem atropelados e sofrer acidentes.
Juntamente às instalações do canil está a ser construído um edifício com todas as condições necessárias, tais como salas de cirurgia e de recuperação para todos os animais. Apesar do canil estar a ficar sobrelotado e ter condições que não são as necessárias para a quantidade de animais que são lá deixados, o novo edifício terá essas condições em falta e está a pensar em desenvolver protocolos com as faculdades veterinárias para que os estudantes, através de estágios, consigam fazer campanhas de esterilização.
Porém, se o abandono de animais mantiver ou aumentar o ritmo, também este espaço ficará sobrelotado.
Sofia Elisiário, nº 49486
