Antes levava-se 10000 escudos na carteira e fazia-se compras para o
mês inteiro. Agora mal chega para mais de uma semana. É verdade, o
euro trouxe muitos benefícios, como ter uma moeda comum com o resto da
União Europeia e fortificar a nossa aliança com a mesma, mas também
trouxe a grande desvantagem de ficarmos dependentes do estado da
economia do resto da Europa. Quando lhes batemos à porta colocam-nos
em fila de espera, e quando nos atendem cobram grandes juros. Claro
está que é completamente justo que tenhamos que pagar a mais, mas será
que era necessária toda esta situação de dependência para com os
outros? Esta grande almofada amortecedora de quedas em grandes buracos
tanto pode resultar na nossa grande salvação, como também pode
resultar na conclusão que ?mais vale um país que conta com a sua
própria força, mas que mal chega a cair, do que cair e serem sempre os
outros a levantá-lo?. Ora, caímos mais uma vez num grande buraco,
empurrados pela crise mundial, no entanto também por falta de uma
gerência eficaz do dinheiro do país. Este último ano tem sido a gota
de água. A subida de preços é notável, não sendo de admirar, devido à
subida do IVA que tem sido a maior arma do governo para ?angariar?
fundos, para além dos cortes drásticos em apoios que a Segurança
Social foi alvo. Portanto, com uma sociedade em que a classe média
está à beira da extinção, os pobres ficam cada vez mais pobres e os
ricos uns ainda ricos, outros à beira de perderem tudo, as prioridades
têm que ser bem definidas. Não apenas falando no governo, como também
no estilo de vida da população em geral, há que ter consciência que
está no tempo de poupar e ser inteligente, principalmente no
Hipermercado. Muitos queixam-se da crise, no entanto vejo que os
esforços para melhorar o estado do país não são grandes, ou então as
pessoas apenas não pensam em gestos que podem fazer a diferença. Já se
devia de saber que comprar produtos portugueses é das medidas mais
importantes a tomar na atualidade, e ainda assim são raras as pessoas
que o fazem. Preferem as marcas estrangeiras, como se nelas houvesse
alguma prova de qualidade superior. Mas não é assim. O produto
português é bom e se está um pouco caro é porque não há compradores
suficientes para que o preço desça. Comprem o que é nosso. Façam com
que o dinheiro circule cá dentro e não que escoa lá fora. É isso que
tenho feito e sinto-me orgulhosa por investir num país que sofre todos
os dias por falta de equilíbrio e prosperidade ? duas palavras que não
conhece há muitos anos. Pensem que se as coisas mudaram tanto, não
será por que também não nos temos esforçado muito para que as coisas
mudem? É muito fácil colocar pessoas no poder e deixar fazer a sua
política. A partir daí, viramos a cara para o lado, vivemos a nossa
vidinha, sempre pensando que temos é de ter o dinheiro ao final do
mês, ver a bola durante a semana e beber umas cervejinhas. A vida não
se resume a isso. Há que olhar em volta e perceber o que está errado.
Há que preparar uma realidade melhor para as gerações vindouras e para
isso há que dar o exemplo, começando com a forma como se gerem as
coisas em casa.
Aqui no Algarve, deparo-me com Retail Park, Retail Center, Continente,
vários Pingo Doce, Lidl, Intermarche, agora o novo Shopping Center, o
Aqua? E a lista não fica por aqui certamente. Precisaremos nós de mais
hipermercados? Penso que não. Apenas no Continente e no Pingo Doce é
que se pode verificar mais pessoas às compras e dá-se bem conta do
recado, e se às vezes isso não acontece, talvez com mais uma ou duas
pessoas na caixa se resolvesse o assunto. Já com os outros
hipermercados, posso mesmo dizer, que considerando as suas grandes
instalações, andam às moscas. E porque será que isto acontece? Bem,
quem tem os preços mais baixos, a melhor publicidade e a melhor
localização, tem todas as vantagens para vingar, daí verificando-se o
Continente e o Pingo Doce como os mais frequentados. Do que tenho
observado, também tenho notado uma crescente preferência pelas marcas
brancas, devido ao seu preço mais barato e pela sua qualidade cada vez
melhor. Pessoalmente, também opto pelas marcas brancas, sem esquecer
das nacionais, e embora os preços pareçam por si só bastante
acessíveis, no final deparamo-nos com uma conta que nos põe os cabelos
em pé e faz preocupar como é que conseguimos ter dinheiro que chegue
até ao final do mês, dado que muitos de nós sobrevivem com o ordenado
mínimo. Há a renda, a água, a luz, o gás, mas são as compras semanais
que nos fazem lembrar que o dinheiro realmente tem asas, pois vemo-lo
a voar não só uma ou duas vezes por mês, mas sim praticamente todos os
dias.
A melhor altura do ano para nós algarvios é o Verão. Nessa época
verifica-se um grande afluxo de pessoas às compras, principalmente de
turistas, quer do próprio país quer estrangeiros. Digamos que é a
nossa época alta. Infelizmente, depois disso tudo se torna mais
apagado, há negócios que fecham, muitos ?hibernam?. Pode-se dizer que
o Verão é a alma do nosso Sul.
Espero com este post não dar uma visão totalmente negra do país, mas
sim chamar à atenção que temos de ter um papel ativo na sociedade, não
apenas estarmos parados à espera que as coisas boas nos aconteçam, mas
que as façamos acontecer. Não vivemos sós, vivemos juntos e por isso
em conjunto há que pensar no nosso país como um que embora em mau
estado, é rico em pessoas capazes e com talentos, dotadas de
pensamento próprio, que poderão ser capazes de arranjar muitos dos
estragos já feitos. Penso que a chave esteja nos jovens do presente.
E fico-me por aqui, que tenho de fazer a lista de compras de amanhã!
Ana Félix nº42431