O Novo Rock Português
O panorama musical português tem vindo a evoluir a olhos vistos e em especial desde revolução dos cravos de 1974. Abriram-se então o coração a novos sentimentos, a cabeça a novas sensações, a vista a novos horizontes e a audição a novas sonoridades.
Portugal ainda tem o estigma da musica ligeira, seja ela puramente comercial, a atirar mais para o pop ou a tipicamente pimbalhada.
Porem é com grande rejubilo que vejo surgir uma nova onda, uma nova lufada de ar fresco por terras lusas, que depois de míticas bandas como Xutos e Pontapés e GNR, entre outros, nos trazem linhas musicais totalmente novas e/ou reaproveitando o nosso espolio musical nacional.
Lá fora, principalmente nos países de língua inglesa, o movimento de Indie Rock tem ganho cada vez mais posição e conseguindo desbravar os caminhos das grandes editoras.
A partir daqui em quase todos o mundo foram surgindo novas bandas que entraram na cena musical, cantando na sua língua oficial ou inglês, foram pisando estes novos caminhos e Portugal não foi excepção.
Mas para mim o caso português tem muito mais valor, por uma enormíssima variedade de factores.
Primeiro trouxe então a tal nova sonoridade, muito com base nas “rockalhadas” com guitarras rasgadas, muito inspiradas em bandas como The Strokes, po exemplo. Outros dão-nos música mais calma, com as suas guitarras acústicas lembrando os lendários Elvis Perseley e Johnny Cash.
Segundo e mais importantes, eles cantam na língua de Camões. Uma língua difícil de cantar, que apesar de muito rica, dificulta a escrita de canções e não é propriamente melódica.
Aparecem então como escondidos debaixo de um grande pedregulho, varias bandas e artistas, sobre a alçada de editoras independentes como a Flor Caveira, Amor Fúria e Catadupa. A primeira desta é a que tem vindo a ganhar mais destaque e é a que mais surpreende por ter fortes influencias da igreja evangélica, não fosse o seu director Tiago Guilul também padre.
Uns tem vindo a ganhar mais reconhecimento do que outros, nem todos enchem salas de espectáculos, mas sente-se no ar uma nova intelectualidade musical e os fãs sentem que fazem parte de uma nova geração que faz melodias geniais, reinventando o género musical. Estamos aqui a falar de verdadeiros músicos no mais real sentido da palavra.
É então obrigatório para aqueles que gostam de boa música e que tem espírito aberto a novas experiencias, aqueles que não ficam apenas satisfeitos com as batidas de discoteca, que procurem bandas como: Pontos Negros, Feromona, TV Rural, Os Golpes, Os Quais, Samuel Úria, João Coração, B Fachada, Jorge Cruz, Tiago Guilul, etc e etc.
Luis Costa