"Recordações Saudosas"
Uma noite que relembra a tantos rostos, pais e avós, a revolução dos cravos. Já se passaram 39 anos, desde que, o povo saiu para a rua, juntamente com os militares em busca da sua liberdade e de uma oportunidade que iria mudar as suas vidas. A repressão e a autoridade vivida em outrora tinha sido substituída por uma liberdade e democracia que os portugueses agradeciam. Esta quarta-feira, dia 24 de abril, na emblemática Vila de Grândola viveu-se momentos de várias emoções, uma vez que Grândola serviu de palco para a canção ? Grândola, vila morena?, cantada por o revolucionário Zeca Afonso, esta assumiu um papel preponderante no momento da transição como uma segunda senha de sinalização da Revolução dos Cravos. Inúmeros grandolenses recordaram as experiências e as emoções que tiveram nesse dia, há 39 anos. A maioria recorda um passado em que a apreensão e a insegurança de um futuro incerto estava presente mas não esconde o quão importante foi e o quanto mudou a sua vida. Hoje em dia fazendo uma retrospectiva podemos presenciar algumas características desses tempos, se bem que, não é de uma forma limpa e transparente. Os mais novos, os filhos da revolução, procuram compreender e obter respostas do seu futuro, mas isso, é uma incógnita uma vez que os tempos são outros e falta o espirito crítico e ativo daqueles que podem fazer a diferença, aqueles que podem lutar para erguer um mundo melhor. Por isso penso, como será o mundo para nós, jovens, daqui a uns 20/30 anos? Não pensamos muito nisso a longo prazo, pensamos e analisamos um futuro mais próximo mas não somos capazes, de um modo geral, de tomar uma posição como há 39 anos um grupo tomou. O medo não os impediu de fazer algo que ajudou uma maioria. Mas hoje? Quantos de nós teremos essa atitude? Vontade não falta, mas o medo de hoje é um medo que acarreta muitas consequências. Mas acreditar que alguém tomará a iniciativa é uma esperança que ainda existe, pois, se os nossos pais e avós lutaram e acreditaram que conseguiriam alcançar um futuro melhor, para os seus, nós também temos a obrigação de o fazer. Pensar mais além do que nos focarmos só em nós. Tempos diferentes, realidades semelhantes e um mundo que precisa de intervenção rápida. Ana Gomes, nº44428